Skip to main content

Um dos maiores peixes da bacia Amazônica, o pirarucu ganhou a fama de bacalhau brasileiro. Isso porque na região Norte a carne do peixe costuma ser vendida salgada na forma de mantas. Com lombo alto, a espécie rende postas largas e caiu no gosto de vários chefes de cozinha. Entre eles, Alex Atala, o responsável por fazer a comida brasileira conhecida mundo afora, e Ana Luiza Trajano, que usa a espécie desde a inauguração do Brasil a Gosto, restaurante que tem a proposta de resgatar e divulgar o que as regiões a brasileiras têm de melhor em termos de receitas e ingredientes.

Hoje o brasileiro encontra o pirarucu nas grandes redes de supermercados por uma faixa de R$ 50 a R$ 60 o quilo do filé. Isso só se tornou possível graças ao trabalho conjunto de uma série de parceiros: Sebrae, Embrapa, Ministério da Pesca e empresas, como a Mar & Terra, uma das maiores exportadoras de peixe do Brasil.

O gargalo da produção em cativeiro o pirarucu é a reprodução. Ele não aceita o método artificial, pelo contrário, o processo lembra o relacionamento de humanos. A fêmea escolhe o macho, forma casal e só então desova. É ele o responsável por cavar um buraco no açude, o ninho, onde a fêmea põe os ovos, que o macho cobre com os espermas. Este processo se repete umas cinco vezes.  Só então ela choca os ovos, enquanto ele vigia os arredores.

O zootecnista Thiago Testuo Ushizima, responsável pelo setor Pesquisa e Desenvolvimento da Mar & Terra, conta que no início eles separavam as fêmeas dos machos observando características externas. “Mas os peruanos em parceria com o franceses descobriram que as fêmeas do pirarucu tem um hormônio específico no sangue, a vitelogenina e assim passou a ser possível saber quem é macho e quem é a fêmea pelo exame de sangue”, diz.

A tecnologia aumenta a chance de sucesso na formação de casal, mas nem sempre a fêmea aceita o pirarucu colocado para ser parceiro. Esta peculiaridade da espécie torna o alevino caro, cerca de R$ 15 cada. Mas a complexidade da reprodução é compensada pelo ganho de peso da espécie. “Um pirarucu chega a 10, 12 quilos em um ano. Nenhum outro peixe tem uma conversão alimentar assim”, diz Ushizima.

revistagloborural.globo.com

Leave a Reply